COFAMEM
A educação médica é definida como o exercício de práticas de ensino para a formação de profissionais éticos, humanistas, críticos e reflexivos.
Actualmente, a nível dos serviços de saúde, detectam-se falhas, burocracia, falta de uma implementação plena dos princípios da universalidade dos sistemas de saúde e baixa capacidade dos profissionais que abram as suas portas para resolver os problemas de saúde da população.Da mesma forma observa se ruídos no ensino, que detecta a premência em formar o profissional cidadão, reflexivo e crítico, inserido na comunidade que a população precisa. O Estado sendo o grande gestor, percebe a necessidade de fortalecer, por meio de políticas e medidas institucionais, a formação dos profissionais de saúde que prestarão e prestam serviço à população em geral.
Olhando para os quatro grandes pilares das universidades ensino, investigação, extensão e a gestão, denota-se a necessidade de formar um novo profissional para a área da saúde. Profissionais que atendam a proposta das directrizes curriculares para a ciências médicas a nível da graduação e profissionais que façam a ligação entre a competência técnica, ética e humanística.
Não há novidade na constatação de que o ensino superior em saúde, sobretudo o ensino médico, é alvo de críticas, há algum tempo, nos meandros académicos universitários, com o reconhecimento internacional da necessidade de mudança. Observa-se profissionais que desconhecem ou desvalorizam tanto a relação médico-paciente, quanto o vínculo e o cuidado ao sujeito que necessita de sua prática, encarando “a Escola Médica como um local de preparo de técnicos-médicos treinados para operarem aparelhos capazes de produzirem mais renda, considerando os pacientes como objectos de lucro”. É, então, peremptório que haja uma reorientação da formação, saindo-se deste modelo hegemónico, teoria sem prática ou com pouca prática, competência técnica sem competência ética.
Em diversos fóruns mundiais, discussões conceituais em torno da mudança da formação médica, e de outros profissionais de saúde, têm se tornado constantes. É claro que o novo profissional deverá desenvolver habilidades peculiares à sociedade em que está inserido, considerando-se que a educação superior não tem como objectivo somente a instrução e a capacitação profissional.
Ele deverá, ainda, assegurar capacitação para lidar com aspectos antes não essenciais, como a rapidez da circulação de informações, a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TICs) como instrumento de gestão, os processos de educação permanente, a pertinência da ampliação da capacidade da escuta e do acolhimento para a humanização, tendo como permanente linha de acção a visão da integralidade do cuidado em saúdee a aproximação entre capacitação técnica (habilidades psicomotoras, cognitivas e afectivas), ética e compromisso com a cidadania.
Face a esses pressupostos que a Faculdade de Medicina da Universidade Rainha Njinga a Mbande, sita em Malanje, onde está inserida o curso de Medicina, criado sob decreto 07/09 de 12 de Maio (DP 07/09 de 12 de Maio, DP 310/21 de 21 de Dezembro)
desafia-se no seu Primeiro Congresso de Educação Médica reflectir sobre o ensino médico em Angola no passado, no presente e que futuro? No intuito de ter uma educação médica de qualidade, fortalecendo o ensino, a investigação e a extensão transformando a saúde das populações.